Cattleya purpurata – A Rainha das Cattleya

Tenho orquídeas há mais de 30 anos e só este ano tive a primeira floração de Cattleya purpurata. Não, elas não demoram assim tanto a florir. Eu é que nunca tinha arriscado neste tipo de Cattleya porque pensava que não tinha as condições ideais para as fazer florir. Há quatro anos quis fazer a experiência depois de ouvir alguns orquidófilos a comentar que as cultivavam todo o ano no exterior. E este ano … surpresa!

Cattleya purpurata carnea

 

Em 1846, na ilha de Santa Catarina (Florianópolis), no Brasil, são colhidos pelo francês François Devos os primeiros exemplares que vão chegar à Europa. A primeira descrição da Cattleya purpurata é feita em 1852 pelo botânico Lindley e por Joseph Paxton.

A classificação desta espécie é um bocado confusa e já passou por vários géneros, os nomes mais recentes foram Laelia purpurata, Sophronitis purpurata e em 2008, resultando de um estudo pelo botânico Van den Berg estas orquídeas foram adicionadas ao género Cattleya, ficando assim como Cattleya purpurata. No entanto ainda se encontram à venda em muitos locais como Laelia purpurata, o nome pela qual ainda é mais conhecida!

São originárias do Brasil, dos estados de Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e é a flor símbolo do estado de Santa Catarina. Crescem nas zonas mais altas da copa das árvores onde estão mais expostas à luz e beneficiam de uma maior circulação de ar.

Cattleya purpurata shusteriana

 

As plantas têm um tamanho médio/grande, podendo atingir os 60 cm. São constituídas por pseudobolbos compridos e achatados lateralmente que terminam numa única folha grossa e dura. No ponto onde a folha sai do topo do pseudobolbo, pode aparecer uma espata de onde rompe a haste floral com os botões. Cada haste pode dar cerca de 3 a 7 flores perfumadas, com tamanhos que podem chegar aos 20cm. As flores duram entre 10 e 15 dias.

A cor da Cattleya purpurata tipo é maioritariamente branca. As sépalas e pétalas são brancas, contrastando maravilhosamente com o labelo púrpura, daí o nome purpurata. No entanto, nesta espécie existem imensas variações de cor. O seu tamanho e variadas cores tornaram esta uma das Cattleya mais adoradas no Brasil havendo exposições onde se reúnem centenas de exemplares. Algumas variações mais comuns são as Semi-alba, Alba (totalmente branca), Coerulea (azulada), Werkauseri (labelo cinzento), Carnea (labelo rosa claro), Vinicolor (labelo vermelho escuro e tantas outras.

Cattleya purpurata Trilabelo

 

O Cultivo

Quando comprei a minha Cattleya purpurata variação Carnea para experimentar o cultivo no exterior, no meu jardim, coloquei-a num cesto de madeira para que as raízes, após a rega, secassem rapidamente. Assim, não tive o problema de raízes podres pelo excesso de humidade, mesmo no Inverno quando chove. Como substrato coloquei uma mistura de casca de pinheiro e fibra de coco aos pedacinhos. No fundo do cesto coloquei um pouco de musgo de esfagno e à volta rede fina só para que o substrato não caísse.

Coloquei a planta num local onde fica parcialmente protegida por uma rede de sombra, pendurada numa pérgula, mas onde é pouco afetada por ventos ou geada no Inverno. Ao mesmo tempo, no Verão, está protegida do calor extremo e nunca recebe sol direto. Elas gostam de luz intensa, mas o sol direto pode queimar as folhas e causar danos graves.

Cattleya purpurata venosa

 

As regas são diárias nos meses mais quentes de Verão e muito mais espaçadas a partir do Outono. No Inverno não rego a não ser se estivermos mais do que duas semanas sem chuva.

Fertilizo pouco e acho que foi por essa razão que a planta demorou 4 anos a florir. Era uma planta pequena quando a comprei, mas teve duas espatas que não floriram. O último pseudobolbo cresceu bem forte e em junho já era certo que ia florir. No final desse mês, os três botões deram origem a três bonitas flores, grandes, vistosas, muito bonitas. A experiência resultou. Agora é arranjar mais Cattleya purpurata com outras variações de cor. E elas são tantas que tenho muito por onde me divertir!!

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